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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

TEMAS DIFÍCEIS DA BÍBLIA: PORQUE ESTUDAR GREGO E HEBRAICO?




POR QUE ESTUDAR HEBRAICO E GREGO?



Para que me servirão estas matérias no trabalho futuro?

Estou me preparando para pregar a Palavra e n~o ensinar grego e hebraico.

Grego e hebraico são esquecidos e nenhum valor apresen­tam na vida prática.

Estudo estas matérias apenas para ser aprovado e não para usá-las no ministério.

Estas declarações e outras idênticas são ouvidas freqüentemente de estudantes de Teologia e até mesmo de pastores de experiência.

O assunto é extenso, mas as idéias seguintes são suficientes para mostrar o valor destas matérias:

O grego e o hebraico não terão nenhum valor para aqueles que se contentam em permanecer na superfície, para os que se satisfazem com a opinião dos outros a respeito de certos proble­mas bíblicos. Nenhum valor terá o estudo do original para os que se satisfazem com alimento de segunda mão, para os que se con­tentam em cavar na areia.

Há grande recompensa física, mental e espiritual quando pro­curamos por nós mesmos, e auxiliados pelo Espírito Santo desco­brimos a Verdade nas Escrituras para transmiti-la à Igreja.

O conhecimento das peculiaridades das línguas bíblicas, nos possibilitam uma ligação mais direta com a fonte da Verdade.

Ellen G. White nos diz que os ensinos bíblicos, pela simpli­cidade de expressão, são acessíveis até mesmo aos iletrados, mas ressalta a necessidade de cavar mais fundo através do dili­gente estudo com meditação e oração, para um rendimento mental e espiritual mais proveitoso. Ao Ministro de Deus con­vêm descer mais fundo no estudo da Bíblia, pois esta é a orien­tação divina por intermédio de Sua serva.

“Que o ministro jovem lute com os difíceis problemas que se encontram na Palavra de Deus, e seu intelecto todo se despertará. A medida que estuda diligentemente, as grandes verdades que se acham nas Escrituras, será habilita­do a pregar sermões que encerrem uma mensagem direta, definida, e ajudarão os ouvintes a escolherem o caminho certo.”

“O ministro que se arrisca a ensinar a verdade possuindo apenas leves noções da palavra de Deus, ofende o Espírito Santo.”1

“Penetrai além da superfície; os mais preciosos tesou­ros do pensamento aguardam o hábil e diligente estudan­te.”2

Sem dúvida alguma o original nos ajudará a compreender melhor muitas mensagens bíblicas.

Por que tantas pessoas temem estudar o hebraico e o grego?

Generalizou-se na mente dos estudantes que estas línguas são muito difíceis. Entretanto a prática nos mostrará que elas não são mais difíceis do que o português, inglês ou alemão.

O hebraico, no início é mais difícil, por ser totalmente diferente da nossa língua, mas a sua gramática é bastante simples em sua estrutura.

O  grego apresenta a vantagem de que 85% do alfabeto é quase o mesmo do português. Muitos símbolos gregos são usa­dos na matemática, mas não há nenhum símbolo hebraico que nos seja familiar. A principal dificuldade com o grego está em seu complexo sistema verbal.

As línguas bíblicas requerem dedicação e constância no seu aprendizado. John Know estudou grego após os 50 anos. Alexander Maclaren tornou-se um dos mais competentes prega­dores modernos, e uma das razões apresentadas para este suces­so, dizem os que o conheceram, foi o seu profundo conhecimen­to do grego e do hebraico. O conhecimento de uma faceta da vida de Erasmo deveria servir de estímulo aos nossos estudan­tes de teologia. Escrevendo a um amigo, enquanto estudava por conta própria na Universidade de Paris, declarou: “Tenho-me dedicado inteiramente de corpo e alma ao estudo de grego, e as­sim que conseguir algum dinheiro, comprarei livros de grego e depois roupas.” Por isso tornou-se um dos maiores eruditos da língua grega no tempo da Reforma.

Suas palavras no prefácio do Novo Testamento Grego, por ele editado em 1516, são significativas:

“Estas páginas sagradas sintetizam a imagem viva de Seu Espírito. Elas vos darão o próprio Cristo, conversando curando, morrendo, ressuscitando, o Cristo completo em uma palavra; elas darão Cristo a vós numa intimidade tão especial que Ele seria menos visível se estivesse em pé dian­te dos vossos olhos.”

Hoje um dos debates mais comuns nas Faculdades de Teo­logia é se o estudo do hebraico e grego deve ser opcional para os estudantes. Os estudantes são estimulados a escolherem maté­rias mais fáceis e até ao seu ver mais importantes. É lamentá­vel que as Faculdades de Teologia estejam seguindo a orientação de deixar opcional uma das línguas bíblicas ou ambas.

E lamentável também que escolas do segundo grau e cursos superiores tirassem o latim e o grego de seus currículos, em de­corrência do progresso científico e do utilitarismo da nossa época.

Se não é possível ser um eficiente professor de português desconhecendo a latina muito menos alguém poderá ser um eficiente pregador se desconhecer as línguas originais, em que a Palavra de Deus foi escrita.

A utilidade da língua grega jamais será suficientemente exal­tada; a ela devemos uma grande dívida de nossa formação cultu­ral. É incontestável que o grego é o mais perfeito veículo na transmissão de idéias.

Há estudantes de teologia que apresentam as seguintes perguntas:

1o.) Por que continuar a exigir o estudo do grego numa época quando há tantas traduções?

2o.) Não há muitas outras matérias mais práticas no currí­culo do que o estudo de línguas bíblicas?

3o.) Pode um estudante em dois anos de hebraico ou grego adquirir um preparo que o qualifique a usar satisfatoriamente o original?

4o.) Por que há tantos obreiros eficientes sem conhecer na­da de línguas bíblicas, enquanto outros versados nestes estudos não alcançaram resultados consagradores?

Extensas respostas poderiam ser dadas a cada uma destas inquirições.

Tentemos algumas:

Não há nada a objetar quanto às várias traduções Bíblia, pois, podemos obter muito auxílio comparando diferen­tes traduções, mas o sentido exato só é obtido indo ao original. Os estudiosos têm chegado á conclusão que as traduções exis­tentes são, muitas vezes, falhas em transmitir a exata nuance de significado do que foi escrito primitivamente. Existem boas traduções em português, mas quem depende apenas delas nunca poderá falar com autoridade em assuntos referentes ao texto. Ele está sempre na dependência do que os outros têm dito e ja­mais poderá fugir da condição de inferioridade quando  lhe per­untam sobre o significado original de alguma palavra.

A seguinte verdade não deve ser olvidada: os heréticos e falsos mestres sempre foram prontos a adotar uma tradução que estivesse em harmonia com suas idéias preconcebidas.

2o.) À pergunta: não há outras matérias mais práticas no currículo? Responderemos com outras interrogações que nos levem a reflexionar.

O que se entende por matérias práticas?

Há alguma coisa mais prática do que a compreensão exata da Palavra de Deus?

Que subsídio mais valioso para uma pregação expositiva do que um adequado conhecimento do original?

É possível preparar um bom sermão sobre o inferno, o es­tado do homem na morte, vinho na Bíblia, o arrependimento etc. sem conhecimento do hebraico e grego?


3o.) Quanto ao terceiro quesito apenas isto: irá depender muito do estudante, do seu interesse pela matéria e sua dedica­ção ao estudo.

4o.) A quarta alegação não invalida nosso ponto de vista de que com o conhecimento das línguas bíblicas estes obreiros ter-se-iam tornado pregadores mais eficientes. O verdadeiro su­cesso na obra de Deus não se deve ao fato de ter ou não conhe­cimento de grego, mas à oração, ao estudo da Bíblia, à fidelida­de no cumprimento dos deveres, à sua tenacidade no trabalho às bênçãos divinas.

A seguinte verdade não deve ser desprezada: o sucesso de alguns sem conhecimentos acadêmicos não se deve a essa deficiência, mas a despeito dela. Os exemplos citados de Moody e Spurgeom não invalidam nossa tese.

O  dicionarista Thayer disse:

“A depreciação um tanto indiscriminada do estudo das línguas mortas, na atualidade, não ocorre sem dano­sa influência sobre os que se estão preparando para ser expositores da Palavra Divina.”


O Pregador e Suas Ferramentas

O homem civilizado se projetou de modo extraordinário graças ao sábio uso de ferramentas. Quanto mais o homem pro­gride mais ele sente necessidade de melhorar as ferramentas. E a eficiência dependerá da habilidade no manuseio da ferra­menta adequada. O pregador moderno em seu escritório de es­tudos é um homem com suas ferramentas. Se ele não tiver fer­ramentas certas sobre sua mesa não poderá produzir resultados rápidos, muito menos o trabalho de projeção que se espera de um mensageiro de Deus. Nenhum pregador pode estar satisfei­to a não ser com o melhor que dele se espera. Geralmente pode aquilatar-se a qualidade do trabalho de um pregador observan­do os livros que ele tem em sua biblioteca.

Seria muito útil que entre seus livros se encontrassem o Velho Testamento em hebraico e o Novo em grego. Para o Ve­lho Testamento o Dicionário de Gesenius e The Analytical He­brew and Chaldee Lexicon são valiosos. Dentre os bons dicio­nários gregos destacam-se Thayer, Arndt and Gingrich, mas para efeitos práticos o “The Analytical Greek Lexicon” é suficiente. Das gramáticas hebraicas “A Practical Grammar for Classical Hebrew” está entre as mais didáticas. As três melhores para o grego no consenso dos estudiosos são a de Robertson, Blass e de Moulton.


Exemplos Comprovatórios do Valor do Grego

Q pregador foi comissionado por Deus para pregar a pala­vra (II Tim. 4: 2). O ministro cristão não foi incumbido de pre­gar as opiniões prevalecentes na filosofia, ou as mutáveis hipóteses da ciência, nem repousa sobre ele o dever de pregar o mais puro tipo de ética que conhece para tornar os homens melhores, mas para ser um eficiente pregador da Palavra de Deus ele preci­sa conhecer as línguas em que ela foi escrita primitivamente.

Das palavras estudadas por Kenneth Wuest destaquemos estas:

1a.)  “E não vos conformeis com este século, mas trans­formai-vos pela renovação da vossa mente...” Rom. 12:2.
Conformeis em grego é “suschematizo” e transformai é “metamorfoomai. Sunschematizo precedido da forte negati­va “mê” significa:  “Parai de assumir uma expressão exterior que não vem de dentro de vós e que não representa o que sois, mas é posta de fora e é moldada de acordo com este século.”  O grego fornece as seguintes idéias:  santos que estão usando uma máscara, moldando-se de acordo com este século, pondo sobre si uma cobertura opaca que oculta a presença interior do Senhor Jesus e impede que o Espírito Santo manifeste a sua beleza na vida. Essas idéias emergem do verbo conformar-se, mas isto do texto grego.

O pregador toma a palavra “transformar” e encontra “me­tamorfoomai”. O verbo simples significa “dar expressão exte­rior ao íntimo de alguém, sendo que essa expressão provém des­se íntimo e o representa.” A preposição “meta” indica mudan­ça Ele traduz: “Mudai vossa expressão exterior (daquela que veio de vossa natureza totalmente depravada quando não está­veis salvos)  por aquela que vem do vosso íntimo (como salvos que estais). Esta tradução traz novas e ricas idéias: santos trans­figurados, a vida exterior deve encontrar a sua fonte na nature­za divina, a vida deve ser a expressão exterior de uma natureza interior, não um disfarce nos trajes do mundo. Apenas o grego pode guiar-nos a essas idéias.

2a.) Uma curiosa palavra grega é o verbo estudar de II Tim. 2: 15: “Estuda para mostrar-te aprovado diante de Deus.”  Estu­dar, hoje se refere ao esforço para aprender, especialmente pelo ler e pensar. Fala de escola, livros, professores, e aplicação da mente na aquisição  de conhecimento.
A palavra grega não tem essa conotação de acordo com o “Vocabulary of the Greek Testament de        Moulton and Milligan”. Sua real significação seria: apressa-te, sê impetuoso, usa de dili­gência, faze um esforço para conseguir o teu melhor, implican­do em todas as áreas do serviço e da vida cristã.

O rico sistema verbal grego com seus aspectos, tempos, modos e vozes apresenta verdades intraduzíveis para línguas modernas, como Jogo 15: 7 ilustra. O verbo “meno” significa permanecer, estar, habitar, abrigar. A famosa concordância “Englishman’s Greek Concordance” nos informa que na Bíblia este verbo quando usado com pessoas implica em amizade, com­panheirismo, como nas passagens de Luc. 1: 56; 19: 5.  Uma boa tradução para 5. Jogo 15: 7 seria: Se você mantiver uma viva comunhão comigo e as minhas palavras forem recebidas por você, então haverá um companheirismo constante, momen­to a momento, com o Senhor.

Os exemplos poderiam ser multiplicados, como prova do riquíssimo material existente â disposição dos estudantes de grego.


Conclusão


Sem algum conhecimento de hebraico e grego o Pastor não está à altura de entender os comentários críticos sobre as Escri­turas; não poderá ajudar os que lhe pedem auxílio em proble­mas de tradução; não pode estar seguro se sua citação bíblica está apresentando o correto sentido primitivo e muito menos poderá ser um fiel intérprete da palavra de Deus.

Referências:

1.     Obreiros Evangélicos, pág. 95.
2.     Mensagens aos Jovens, pág. 262.


MAIS TEMAS DIFÍCEIS

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